03 junho, 2012

Reflexão


Chegou o momento do balanço final. Considero que esta meta é o início de uma longa caminhada que se constrói, pegada após pegada.
Sempre foi minha pretensão candidatar-me ao programa Erasmus de modo a alargar os meus conhecimentos académicos e profissionais e que me permitisse em simultâneo, contactar com outras culturas, novos costumes e novas realidades, num espaço mais amplo de intervenção. Idealizei este estágio e o meu objetivo primordial foi conclui-lo com sucesso. Ele foi responsável pela minha evolução e contribuiu para novas aprendizagens e para a minha valorização pessoal.
Assim, estagiei em Madrid, na empresa multinacional Rentokil.
É considerada líder de mercado na prestação de serviços na área de Controlo de Pragas e no desenvolvimento de soluções ambientais inovadoras para deteção, prevenção e eliminação de pragas.
Apesar de ter enfrentado algumas inquietações e contrariedades, fui capaz de gerir a minha auto-confiança, estando de olhos postos no futuro, mantendo uma atitude positiva e aproveitando as muitas oportunidades que me foram proporcionadas. Nem a dificuldade inicial de comunicação ou a distância da família foram obstáculos à minha integração, na comunidade espanhola que me acolheu. Foram o meu suporte nas informações, na procura de endereços e itinerários necessários à minha intervenção profissional e, claro, nas inúmeras situações sociais que me permitiram alargar o meu conhecimento relativo à cultura espanhola. Fiz amigos para toda a vida. Enriqueci como pessoa, construí o meu saber e agradeço-lhes por isso.
Não posso deixar de referir todo o trabalho realizado pela equipa de profissionais, que me acompanhou no decorrer do estágio. O grau de exigência, a diversidade das atividades e, o facto de terem apostado nas minhas capacidades foi muito benéfico para evidenciar as minhas competências enquanto Técnica de Saúde Ambiental.
É importante também referir que gostei de todas a áreas de intervenção, no entanto, as que mais me marcaram, foram as áreas de segurança alimentar e a segurança, higiene e saúde no trabalho.
Numa pespetiva de futuro, considero que este estágio fortaleceu os conhecimentos que adquiri ao longo do curso pois tive a oportunidade de os colocar em prática. Outro meio de fortalecer o meu saber foi o trabalho de pesquisa na procura de informação, sempre associado às práticas e às inúmeras áreas de intervenção, que referi ao longo das publicações do blog. Ele foi também o veículo de transmissão de informação acessível a todos os interessados acerca das atividades desenvolvidas e mesmo da legislação aplicada à área.
Em suma, constato que este estágio me possibilitou desenvolver as práticas que adquiri teoricamente, práticas que serão essenciais no meu futuro profissional.
E, finalmente, obrigada
a todos aqueles que me acompanharam nesta longa pegada!

 “Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa





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02 junho, 2012

Análises em Indústrias Alimentares


 

As toxinfecções alimentares são doenças causadas pelo consumo de água ou géneros alimentícios contaminados com bactérias, parasitas, vírus ou substâncias tóxicas.
Os alimentos crus como as aves, peixes e legumes são potenciais portadores de bactérias e outros microorganismos que necessitam ser eliminados nos processos de preparação e confeção. Por outro lado, os alimentos cozinhados são, muitas vezes, contaminados por mãos sujas ou indevidamente higienizadas, por insetos, roedores, ou por atos simples como o espirrar ou tossir.
As refeições contaminadas, consumidas pela população provocam sintomas, como diarreia, vómitos, dores abdominais, febre ou desidratação, estômago pesado, digestão difícil, mal-estar, dores de cabeça após a refeição, azia repentina, erupções cutâneas e náuseas, que podem iniciar-se pouco tempo, algumas horas ou dias, após a ingestão. A gravidade dos sintomas depende do tipo de agente patogénico, da sua quantidade presente no alimento, da toxina que esse agente possa produzir e da susceptibilidade do consumidor.
Assim, para evitar que seja posta em perigo a saúde pública, as estruturas, as instalações e o equipamento dos estabelecimentos de restauração devem funcionar em boas condições e ser mantidos em perfeito estado de conservação e higiene. Não podemos esquecer, que as medidas de higiene individual, dos locais de trabalho e dos alimentos são essenciais para a eficácia da prevenção das toxinfecções alimentares. Estas medidas visam reduzir as fontes de contaminação e os meios de transmissão dos agentes que causam efeitos indesejáveis nos alimentos e na saúde dos consumidores.
Desta forma, os estabelecimentos procuram os serviços da empresa Alkemi, associada a Rentokil Initial para realizar análises e consultadorias. (Figura 1)

Figura 1 – Logotipo da empresa Alkemi

Na realização das colheitas de amostras de alimentos, é necessário estar devidamente equipado (touca, máscara de proteção respiratória, proteção para o calçado, bata descartável e luvas esterilizadas), para evitar a contaminação da colheita de amostra de alimentos.
Os técnicos especializados realizam colheitas de amostras de alimentos, mais propriamente, de óleos usados, de alimentos e dos utensílios e das bancadas de preparação dos alimentos, bem como das mãos de um manipulador, para posteriormente enviá-las para análise. (Figura 2)

Figura 2 – Amostras colhidas

Os técnicos da Alkemi realizam as colheitas de amostra de alimentos e de óleos em frascos esterilizados. Seguidamente, são efetuadas duas colheitas de amostra, em cada local necessário, nomeadamente nos utensílios e nas bancadas de preparação dos alimentos, bem como nas mãos de um manipulador, em meios de cultura apropriados, para a análise físico-químico e microbiológica. Antes de realizar as colhidas para análise das bancadas e dos utensílios de preparação de alimentos, não se devem limpar os locais e utensílios, para se aproximar às condições normais de trabalho.
Por fim, devem identificar-se todas as amostras, preencher o Boletim de Colheita de Alimentos e acondicioná-los numa mala térmica, de modo a que a amostra seja transportada até ao laboratório de análise da Alkemi, sem possíveis alterações.


Caso os valores da análise da colheita de amostra de alimentos seja considerada imprópria para consumo, os técnicos devem identificar a causa ou causas do problema e tomar ações imediatas, procedendo a uma vistoria. Esta permite verificar as condições das instalações, os procedimentos tidos aquando do processo de preparação, confeção e empratamento, bem como algumas deficiências a nível de funcionamento e de equipamentos, que deverão ser corrigidos com carácter de urgência. (formação do pessoal, equipamentos da cozinha, procedimentos de limpeza) É também importante verificar a formação dos manipuladores de alimentos em termos de Higiene e Segurança Alimentar e em HACCP, Análise de Perigo e os Pontos Críticos de Controlo.
Em suma, a higiene e segurança dos produtos alimentares devem ser garantidas pela implementação de medidas preventivas, tais como o cumprimento de Boas Práticas e a Aplicação do Sistema de Identificação de Perigos e Pontos Críticos de Controlo (HACCP), constituindo as análises microbiológicas uma parte do sistema devendo ser realizadas com periodicidade. (Figura 3)

Figura 3 - Etapas da Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controlo (HACCP)

Deste modo, através do Decreto-Lei n.º 117/95, de 30 de Maio, compete ao Técnico de Saúde Ambiental “atuar no controlo sanitário do ambiente, cabendo-lhe detetar, identificar, analisar, prevenir e corrigir riscos ambientais para a saúde, atuais ou potenciais, na área de proteção sanitária básica e luta contra meios e agentes de transmissão de doença, respetivamente, na participação em ações que visem a higiene dos alimentos e dos estabelecimentos do sistema de proteção e consumo.”

Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (SHST)



A higiene do trabalho compreende normas e procedimentos adequados para proteger a integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerente às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas. A higiene do trabalho está ligada ao diagnóstico e à prevenção das doenças ocupacionais, a partir do estudo e do controlo do homem e seu ambiente de trabalho. Ela tem caráter preventivo por promover a saúde e o conforto do funcionário, evitando que ele adoeça e se ausente do trabalho.
Atualmente, a vertente humana ocupa um lugar preponderante quer no processo industrial quer noutros setores de atividade. Se outrora esta componente assumia um papel secundário, dando-se primazia à produtividade em detrimento das condições de trabalho, é certo que hoje prevalece a ideia de que a produtividade é também ela afetada por situações que decorrem de uma adaptação correta ou não, dos trabalhador ao ambiente envolvente do seu local de trabalho. Assim, a higiene e a segurança são duas atividades que estão intimamente relacionadas com o objetivo de garantir condições de trabalho capazes de manter um nível de saúde dos colaboradores e trabalhadores de uma empresa.
A higiene do trabalho propõe-se combater, num ponto de vista não médico, as doenças profissionais, identificando os fatores que podem afetar o ambiente do trabalho e do trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem afetar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador).
A segurança no trabalho propõe-se combater, também dum ponto de vista não médico, os acidentes de trabalho, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer educando os trabalhadores a utilizarem medidas preventivas.

FATORES QUE AFETAM A HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Dadas as especificidades de algumas atividades profissionais, as quais acarretam algum índice de perigosidade, é necessário que sobre as mesmas incidam procedimentos de segurança para que as mesmas sejam desempenhadas dentro de parâmetros de segurança para o trabalhador. Neste sentido, é necessário fazer desde logo um levantamento dos fatores que podem contribuir para ocorrências de acidentes, como sejam:

Acidentes devido a condições perigosas:
- Máquinas e ferramentas;
- Condições de organização (armazenamento perigoso, falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s));
- Condições de ambiente físico (iluminação, calor, frio, poeiras, ruído).

Acidentes devido a ações perigosas:
- Falta de cumprimento de ordens (não usar o EPI’s);
- Ligado à natureza do trabalho (erros na armazenagem);
- Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, manobrar empilhadores inadequados, distrações).

Tendo por base os factos atrás enunciados, é hoje facto assente que os custos indiretos dos acidentes de trabalho são bem mais importantes que os custos diretos, através de perdas como as seguintes:
- Perda de horas de trabalho pela vítima;
- Perda de horas de trabalho pelas testemunhas e responsáveis;
- Perda de horas de trabalho pelas pessoas encarregadas dos inquéritos;
- Interrupções de produção;
- Danos materiais;
- Atraso na execução do trabalho;
- Custos inerentes às peritagens e ações legais eventuais;
- Diminuição do rendimento durante a substituição;
- A retoma de trabalho da vitima.

Com efeito, existem muitos casos em que é possível aumentar a produtividade simplesmente com a melhoria das condições de trabalho.
Assim, a produtividade é afetada pela conjugação de dois aspetos importantes:
- Um meio ambiente de trabalho que exponha os trabalhadores a riscos profissionais graves (causa direta de acidentes de trabalho e de doenças profissionais);
- A insastisfação dos trabalhadores face a condições de trabalho que não estejam em harmonia com as suas características físicas e psicológicas.

Nesta perspetiva, o técnico responsável pela Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho (SHST), deve estudar os fatores de risco e/ou segurança de um posto de trabalho para posteriormente medidas que visam incrementar um maior nível de segurança no local de trabalho, nomeadamente a eliminação do risco de acidente, tornando-o inexistente ou neutralizando, isto é, o risco existe mas está controlado. A estes pontos acrescenta-se a sinalização de locais de risco de forma a evitar acidentes.  
Um outro tipo de riscos a ter em conta são os chamados riscos ergonómicos já que por vezes verifica-se que os pontos de trabalho não estão bem adaptados às características do trabalhador, que quanto à posição da máquina com que trabalha, quer no espaço disponível ou na posição das ferramentas e materiais que utiliza nas suas funções. Para estudar e avaliar as implicações destes problemas nas condições de trabalho do trabalhador, quanto ao esforço que o mesmo realiza para executar as suas tarefas, denomina-se Ergonomia.
Conclui-se portanto que este processo global de implementação de medidas de segurança e higiene resultam necessariamente de uma interligação entre o empregador e o emprego, na medida em que a sua efetividade resulta das ações que ambos tomarem face às atividades desempenhadas.

Envolve, também, estudo e controle das condições de trabalho.
A iluminação, a temperatura e o ruído fazem parte das condições ambientais de trabalho. Uma má iluminação, por exemplo, causa fadiga à visão, afeta o sistema nervoso, contribui para a má qualidade do trabalho podendo, inclusive, prejudicar o desempenho dos funcionários. A falta de uma boa iluminação também pode ser considerada responsável por uma razoável parcela dos acidentes que ocorrem nas organizações. Envolvem riscos os trabalhos noturnos ou turnos, temperaturas extremas - que geram desde fadiga crônica até incapacidade laboral.
Um ambiente de trabalho com temperatura e umidade inadequadas é considerado doentio. Por isso, o funcionário deve usar roupas adequadas para se proteger do que “enfrenta” no dia-a-dia corporativo. O mesmo ocorre com a umidade. Já o ruído provoca perca da audição e quanto maior o tempo de exposição a ele maior o grau da perda da capacidade auditiva. A segurança do trabalho implica no uso de equipamentos adequados para evitar lesões ou possíveis perdas.
É preciso, conscientizar os funcionários da importância do uso dos EPIs, luvas, máscaras e roupas adequadas para o ambiente em que eles atuam. Fazendo essa ação específica, a organização está mostrando reconhecimento ao trabalho do funcionário e contribuindo para sua melhoria da qualidade de vida. Ao invés de obrigar os funcionários a usarem, é melhor realizar esse tipo de trabalho de conscientização, pois o retorno será bem mais positivo.
Já ouvi muitos colaboradores falarem, por exemplo, que os EPIs e as máscaras incomodam e, alguma vezes, chagaram a pedir aos gestores que usassem os equipamentos para ver se era bom. Ora, na verdade os equipamentos incomodam, mas o trabalhador deve pensar o uso desses que é algo válido, pois o ajuda a prevenir problemas futuros.
Na segurança do trabalho também é importante que a empresa forneça máquinas adequadas, em perfeito estado de uso e de preferência com um sistema de travas de segurança. É fundamental que as empresas treinem os funcionários e os alertem em relação aos riscos que máquinas podem significar no dia-a-dia. Caso algum funcionário apresente algum problema de saúde mais tarde ou sofra algum acidente, a responsabilidade será toda da empresa por não ter obrigado o funcionário a seguir os procedimentos adequados de segurança. Caso o funcionário se recuse a usar os equipamentos que o protegerão de possíveis acidentes, a organização poderá demiti-lo por justa causa.
A prevenção dessas lesões/acidentes podem ser feitas através de:
- Estudos e modificações ergonômicas dos postos de trabalho.
- Uso de ferramentas e equipamentos ergonomicamente adaptados ao trabalhador.
- Diminuição do ritmo do trabalho.
- Estabelecimento de pausas para descanso.
- Redução da jornada de trabalho.
- Diversificação de tarefas.
- Eliminação do clima autoritário no ambiente de trabalho. - Maior participação e autonomia dos trabalhadores nas decisões do seu trabalho.
- Reconhecimento e valorização do trabalho.
- Valorização das queixas dos trabalhadores.

É preciso mudar os hábitos e as condições de trabalho para que a higiene e a segurança no ambiente de trabalho se tornem satisfatórios. Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor humano. Nesse contexto, a necessidade de reconhecimento pode ser frustrada pela organização quando ela não valoriza o desempenho. Por exemplo, quando a política de promoção é baseada nos anos de serviço e não no mérito ou, então, quando a estrutura salarial não oferece qualquer possibilidade de recompensa financeira por realização como os aumentos por mérito.

Se o ambiente enfatizar as relações distantes e impessoais entre os funcionários e se o contato social entre os mesmos for desestimulado, existirão menos chances de reconhecimento. Conforme Arroba e James (1988) uma maneira de reconhecer os funcionários é admitir que eles têm outras preocupações além do desempenho imediato de seu serviço.
Uma outra causa da falta de reconhecimento dos funcionários na organização são os estereótipos, pois seus julgamentos não são baseados em evidências ou informações sobre a pessoa. A partir do momento que as pessoas fazem parte de uma organização podem obter reconhecimento positivo ou negativo. Os grupos de trabalho, por exemplo, podem satisfazer ou frustrar as necessidades de reconhecimento.
Pois, a importância do reconhecimento é que a partir do momento que a organização está preocupada com a higiene e a segurança do trabalhador, ele está sendo valorizado. E quando os colaboradores percebem o fato de serem valorizados, reconhecidos isso os torna mais motivados para o trabalho.
Em suma a higiene e segurança do trabalho esta ligada diretamente as condições oferecidas por uma organização a seus colaboradores de tal maneira que eles possam desenvolver suas atividades sem causar a si próprio nenhum dano em função das atividades exercidas.
Serve para identificar, e corrigir possíveis falhas no processo de desenvolvimento das funções a fim de evitar que os colaboradores tenha algum dando causado pelo mau habito do trabalho, fornecendo a eles estrutura, e equipamentos necessários com intuito de zelar pela sua segurança individual e coletiva.

Qualidade do ambiente/ar interior



Antigamente, a única exigência aquando da construção de um edifício, era que o mesmo oferecesse ao homem condições apropriadas para desenvolver atividades. Com o passar do tempo e com a evolução do conhecimento do homem sobre o ambiente interno e externo do edifício, outras exigências foram progressivamente sendo adicionadas aos requisitos básicos já conhecidos. Os únicos critérios utilizados, no que diz respeito à qualidade do ar interior, foram a temperatura e a humidade, sendo que outros parâmetros importantes na qualidade do ar foram ignorados.
Atualmente, sabemos que são produzidos inúmeros poluentes, tais como, monóxido de carbono, dióxido de carbono, amoníaco, óxido de enxofre e nitrogénio, através dos materiais de construção baseados em solventes orgânicos, por materiais de limpeza, bolor, metabolismos humano e também pela própria atividade do homem, como cozinhar ou lavar e secar a roupa. Estes poluentes comprometem a saúde e o rendimento de trabalho do homem, e alguns edifícios estão sendo apelidados de “doentes”, devido à péssima qualidade do ar. Perante esta problemática, foi criada a expressão “Sick Building Syndrome”, caracterizada por um estado doentio transitório da população, já que os sintomas normalmente desaparecem quando a população afetada deixa o edifício. Os sintomas apresentados pela população são dores de cabeça, náuseas, cansaço, irritação dos olhos, nariz e garganta, falta de concentração, problemas de pele, entre outros. Esta problemática pode ter proveniência na manutenção inadequada das torres de resfriamento e sistemas de ventilação as quais são fontes de microorganismos.


Atualmente, as preocupações com a qualidade ambiental do interior dos edifícios e a determinação do impacto na saúde têm-se revelado um tema de enorme importância, visto que, cada vez mais, existe uma maior incidência em doenças respiratórias e de pele, alergias e doenças crónicas. Deste modo, têm-se implementado estratégias que respondam ao conforto e bem-estar humano, constituídas por um conjunto de ações levadas a cabo numa escala de controlo ambiental limitada ao espaço interior dos edifícios, quer seja em habitações, espaços públicos ou locais de trabalho.
Por outro lado, a importância de controlar e avaliar a qualidade do ar interior nos edifícios, resulta do facto, de hoje em dia, a população passar cada vez mais tempo dentro dos edifícios (habitação, emprego, serviços, lazer), ficando desta forma, expostos a ação de poluentes, relacionados com os materiais usados na construção e manutenção dos edifícios, com os sistemas AVAC, com os ocupantes e com a qualidade do ar exterior. Em suma, um edifício saudável é sinónimo de boa qualidade interior do ar. Isto só é viável, através do uso adequado das taxas de ventilação e de uma monitorização contínua das instalações, pois esta qualidade irá refletir-se significativamente no bem-estar da população, nomeadamente na saúde e produtividade laboral.
Assim, os técnicos especializados da Sanidade Ambiental da Rentokil Initial, realizam colheitas de amostra da qualidade do ar interior e também do ar exterior, para verificar as condições ambientais e se os tratamentos realizados nas torres de refrigeração e sistemas de ventilação são eficazes.
As colheitas de amostra ambientais são efetuadas em pontos distintos e em todas as instalações do edifício, sendo que os pontos para as colheitas de amostra devem ser determinadas na inspeção técnica-comercial.
Na colheita destas amostras é utilizado o meio de cultura PCA (Plate Count Agar) para verificar a existência de bactérias e o meio de cultura SDA (Sabouraud Dextrosa Agar) + Cloranfenicol para verificar a existência de fungos limitando o crescimento de bactérias, Cloranfenicol.
Deste modo, os técnicos realizam uma colheita nas condutas do sistema de ventilação, através do método de amostra de superfícies, que consiste em fazer contactar o meio de cultura com a superfície necessária, mediante placas Rodac, exercendo pressão sobre a placa durante alguns segundos. (Figura 1 e 2)
Este método é realizado em diversos pontos de colheita de amostra, com a finalidade de fazer a detenção de bactérias e de fungos, em meios de cultura diferentes.

 Figura 1 – Sistema de Ventilação

 Figura 2 – Placas Rodac

Vídeo 1 – Colheita através do método de amostra de superfície em sistema de ventilação

Após as colheitas de amostras de superfícies são realizadas as colheitas de amostras do ambiente, através do método de amostra de ambiente. Estas amostras são obtidas através do equipamento SAS Super 90. (Figura 3)

 Figura 3 – Equipamento SAS Super 90 para a colheita de amostras ambientais

Estas colheitas são realizadas através da aspiração de um determinado volume de ar, na qual se fixam os microorganismos do ar sobre uma placa Rodac. São realizados duas colheitas em placas de cultivo específicas para a detenção de bactérias e de fungos. (Figura 4)

Figura 4 – Placa Rodac

Vídeo 2 - Colheita através do método de amostra de ambiente em locais de trabalho

Estas colheitas de amostra ambiental são realizadas nas instalações do edifício, com principal destaque, nos locais de trabalho em aglomerado, refeitório, atendimento ao cliente, armazéns, laboratórios e na zona exterior do edifício.
Após as colheitas destas amostras, as mesmas são levadas para o laboratório onde serão analisadas (contagem e identificação das colónias).


Como futura Técnica de Saúde Ambiental e segundo o Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de Maio, tenho o dever de identificar e caracterizar fatores de risco para a saúde originados no ambiente, realizando a vigilância sanitária básica e luta contra meios e agentes de transmissão de doença e a participação em ações de vigilância e controlo do ambiente e segurança dos locais de trabalho em saúde ocupacional. Na Rentokil, o meu dever como Técnica de Saúde Ambiental é identificar e caracterizar os fatores de risco para a saúde e promover ações de controlo e vigilância e de formação para a população alvo.

Legionella



A bactéria Legionella foi descoberta em 1976 e confirmada como agente responsável e causador de doença pulmonar grave no Homem. (Figura 1)

 Figura 1 – Bactéria Legionella

A Legionella é uma bactéria que pertence a família Legionellacease sendo conhecidas 30 espécies e mais de 50 subespécies. Esta é uma bactéria em forma de bacilo, pertencente ao grupo das bactérias gram negativas e é dotada de flagelos que facilitam a sua movimentação.
A Legionella está presente em meios aquáticos naturais. Também se encontra em sistemas de água criados pelo Homem, atuando como meios amplificadores e propagadores da Legionella. Esta bactéria dispersa-se pelo ar e penetra no sistema respiratório do Homem, através de aerossóis, podendo produzir infeções. (Figura 2)

 Figura 2 – Esquema de transmissão da Legionella

A bactéria Legionella necessita de condições ambientais que favoreçam a sua proliferação e o seu desenvolvimento, assim como a existência de dispositivos geradores de aerossóis, para que possa penetra no sistema respiratório do Homem. Para sobreviver necessita de água, sendo capaz de sobreviver nas temperaturas compreendidas entre 20ºC a 60º C. A sua multiplicação e crescimento realizam-se nas temperaturas compreendidas entre 20ºC a 45ºC, sendo as condições ótimas de temperatura para o seu desenvolvimento entre 35ºC a 37ºC. (Figura 3)

 Figura 3 – Efeitos da temperatura na bactéria Legionella

As instalações vistas como fontes de contaminação são:
- Sistemas de água quente e fria;
- Torres de refrigeração e condensadores evaporativos;
- Banheiras e piscinas de hidromassagem e fontes de água termais;
- Fontes;
- Humificadores ambientais;
- Túneis de lavagem de carros;
- Sistemas de rega;
- Materiais terapêuticos respiratórios.

No geral, todos os componentes de uma instalação propiciam a possibilidade de multiplicar a bactéria, dando lugar aos aerossóis, os quais estão expostas a população.

Em suma, o risco de contrair esta doença a partir de uma instalação vai depender de inúmeros fatores, tais como:
- Presença, tipo e concentração da Legionella na instalação;
- Formação de aerossóis e localização de uma fonte produtora de aerossóis;
- Duração da exposição;
- Quantidade de pessoas expostas aos aerossóis;
- Condições das instalações (temperatura da água, grau de limpeza, manutenção, entre outros).

Vídeo 1 - Vídeo sobre a bactéria Legionella e sua transmissão

Os serviços da Sanidade Ambiental da Rentokil Initial têm como finalidade realizar a prevenção e o controlo da multiplicação e disseminação dos diferentes agentes microbiológicos, tais como as bactérias do género Legionella.
Para regular as ações preventivas e de controlo, foi aprovada no Real Decreto 865/2003 de 4 de Julho, os critérios higiénico-sanitários para a prevenção e controlo desta bactéria.
Tanto nos tratamentos de limpeza e desinfeção, como na manutenção da qualidade físico-químico da água, devem considerar-se, as características de cada instalação e da água a tratar. É fundamental averiguar a utilização dos procedimentos físicos, assim como os distintos produtos químicos como biocida, anticrustante, anticorrosivo ou biodispersante, entre outros.
Os técnicos especializados que utilizam estes produtos químicos devem conhecer detalhadamente as suas funções, naturezas e propriedades devido aos riscos que provocam na sua manipulação e as incompatibilidades entre produtos químicos. Quando os técnicos realizam estes trabalhos devem utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados às operações/tratamentos, tais como: traje resistente a agentes químicos, botas, luvas de nitrilo, óculos protetores e máscara com filtro para partículas, gases e vapores.
Os técnicos realizam tratamentos nas torres de refrigeração, nos depósitos de acumulação de água, na rede de água quente sanitária e água fria de consumo humano e também realizam colheitas de amostras de água para análise microbiológica e físico-químico.

Tratamento de Torres de Refrigeração
Antes de se iniciar o tratamento é necessário observar e anotar o estado do sistema. Após o conhecimento do circuito de água, procede-se ao adicionamento, na torre de refrigeração, dos produtos, hipoclorito sódico, anticorrosivo, biodispersante e antiespumante, sendo necessário que os ventiladores da torre estejam parados e só funcionem as bombas de recirculação. Os produtos adicionados devem circular no sistema durante duas a três horas. Depois do tempo de circulação dos produtos no sistema, a torre de refrigeração é esvaziada para proceder a sua limpeza e desinfeção. Os separadores de gotas são limpos e desinfetados com materiais adequados e necessários assim como os filtros de aspiração e a torre. Por fim, a torre é novamente cheia para voltar a circular normalmente.

Vídeo 2 - Vídeo sobre torres de refrigeração e os seus tratamentos

Tratamento de depósitos de acumulação de água
Antes de se começar o tratamento é necessário observar e anotar o estado do sistema. Seguidamente, procede-se ao esvaziamento do depósito para posteriormente se limpar e desinfetar, eliminando por meios mecânicos, todos os sólidos do interior do depósito, tais como lodos e particulares sedimentares, entre outros. O depósito deve ser lavado com água com pressão e detergentes autorizados.
Quando o tratamento estiver todo efetuado, volta-se a encher o depósito e verifica-se a quantidade do cloro livre residual, que deve respeitar o intervalo de 0,2-0,8 ppm.

Tratamento de redes de água quente sanitária e água fria de consumo humano
Antes de se começar o tratamento é necessário observar e anotar o estado do sistema. Porém, nos sistemas de água quente sanitária e água fria de consumo humano, os procedimentos estabelecidos para o tratamento e desinfeção da rede são distintos. Realiza-se a desinfeção química através da hipercloracão do sistema que é igual para a água quente e fria. Já a desinfeção térmica realiza-se através da elevação da temperatura e só é possível realizá-la em determinados sistemas de água quente sanitária.

Colheita de amostras de água para análises microbiológicas e físico-químicas
Os técnicos realizam colheitas de amostras representativas da água para poder determinar a sua qualidade microbiológica e os parâmetros físico-químicos. As colheitas são efetuadas em frascos adequados e esterilizados e devidamente rotulados, com uma referência que permita a sua identificação. Após realizada a colheita de amostra de água, esta deve ser reencaminhada para o laboratório, o mais breve possível.

Vídeo 3 - Vídeo sobre Legionella

Para finalizar, a Doença dos Legionários constitui um problema para a Saúde Pública, verificando-se uma clara relação causa-efeito com a colonização das bactérias do género Legionella na água, em sistemas de grandes edifícios, sobretudo quando esses sistemas estão mal concebidos, mal instalados ou com má manutenção. Existem duas situações distintas, que não se devem confundir. Uma representada pela colonização das bactérias, deste género, na água e a outra caracterizada pelo aparecimento de um ou mais casos da Doença dos Legionários. É notório, que as condições ambientais que favorecem a colonização em sistemas artificiais de água por bactérias do género Legionella, são essencialmente, a temperatura, a estagnação e a existência de nutrientes na água. Para tal, é necessário tomar medidas para controlar e prevenir esta bactéria.

Vídeo 4 - Atividades desenvolvidas na temática Legionella

Como futura Técnica de Saúde Ambiental e segundo o Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de Maio, tenho o dever de identificar e caracterizar fatores de risco para a saúde originados no ambiente, realizando a vigilância sanitária básica e luta contra meios e agentes de transmissão de doença.
Como referi anteriormente, a bactéria Legionella é considerada um vetor transmissível de doença e, por esse motivo, tenho o dever de prevenir e promover a saúde pública, realizando ações de prevenção, controlo e vigilância sanitária de sistemas, estruturas de água para prevenir e controlar esta bactéria.
Na Rentokil, o meu dever como Técnica de Saúde Ambiental é identificar e caracterizar os fatores de risco para a saúde e promover ações de prevenção, controlo e vigilância nos sistemas de água.